A Reforma Tributária sobre o consumo, criada pela Emenda Constitucional nº 132/2023 e regulamentada pela Lei Complementar nº 214/2025, terá uma das transições mais longas já previstas no sistema tributário brasileiro. O modelo completo só estará totalmente implantado em 2033.
A mudança gradativa é consequência direta da complexidade do sistema atual e da dimensão dos tributos que serão substituídos. PIS, COFINS, ICMS, ISS e parte do IPI darão lugar ao CBS, IBS e Imposto Seletivo — alteração que exige adaptação cuidadosa de empresas, governos e sistemas fiscais.
Por que a transição será tão longa?
O prazo até 2033 garante que o país possa executar testes reais, ajustar sistemas e evitar impactos bruscos na economia. Um exemplo disso é o projeto-piloto da CBS, iniciado pela Receita Federal em 2025 com cerca de 500 empresas.
Outro motivo é a transição da partilha do IBS entre estados e municípios, que ocorrerá ao longo de 50 anos. A medida foi criada para evitar perda abrupta de arrecadação e reduzir tensões entre os entes federativos.
Cronograma da nova tributação
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2025: criação do Comitê Gestor temporário do IBS e início do piloto da CBS.
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2026: notas fiscais passam a exibir valores simulados de CBS (0,9%) e IBS (0,1%), ainda sem cobrança.
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2027: cobrança efetiva da CBS e do Imposto Seletivo; extinção de PIS, COFINS, IOF/Seguros e parte do IPI, mantendo benefícios para a Zona Franca de Manaus.
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2029 a 2032: convivência entre IBS, ICMS e ISS.
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2033: ICMS e ISS deixam de existir, consolidando o novo modelo tributário.
Desafios esperados
Embora a reforma tenha sido planejada para minimizar rupturas, especialistas afirmam que a complexidade pode aumentar no curto prazo. Pequenas e médias empresas, além de setores intensivos em serviços, devem enfrentar dificuldades com adaptação de sistemas, revisão de processos e custos tecnológicos.
A orientação é que empresas iniciem o planejamento já em 2025 — com modernização de softwares, treinamento de equipes e assessoria técnica — para evitar erros fiscais, gastos maiores e perda de competitividade.
O que está em jogo
O período de testes e a implementação gradual pretendem garantir segurança jurídica, estabilidade na arrecadação e uma transição menos traumática para o mercado. No entanto, quem deixar para se ajustar apenas quando as novas alíquotas entrarem em vigor poderá enfrentar os maiores desafios do novo sistema.
